Na política ainda existe, pese a podridão que grassa em muitos palcos, nobreza, princípios e valores. Amiúde sinto uma certa frustração, não com ela (política), mas com determinados políticos de pacotilha, que a intoxicam. E, quando os valores são premeditada e dolosamente violados, os íntegros, em nome da coerência, justiça, imparcialidade e democracia, por defensores de projectos, andam em sentido contrário.
Por William Tonet (*)
Não tem sido prática trazer à praça pública questões internas, não resolvidas, nas organizações, no caso na CASA-CE, mas estando a injustiça, a calúnia e difamação a escancarar as portas da decência, a independência e higiene intelectual, impõem uma explicação.
Apresentei em devido tempo um pedido de demissão, irrevogável, do cargo de vice-presidente da CASA-CE, bem como a minha decisão, igualmente irrevogável, de não figurar nas listas de candidatos a deputados. Fi-lo por a liderança da CASA-CE nada fazer, até hoje, apesar de instada, várias vezes, desde 7 de Dezembro de 2016, contra as injustiças, insinuações e acusações soezes de que fui vítima, por Lindo Bernardo Tito, vice-presidente e Leonel Gomes, secretário executivo nacional.
Na política (na vida também, mas essa é uma realidade marginal neste contexto) não há coincidências, logo o silêncio não deixa outra interpretação, senão a de ser, irrelevante (ou até, talvez, “temerosa”) a minha contribuição e prestação para a CASA-CE. É uma questão de coerência, pois se o líder defendia publicamente alguns dirigentes, quando estes traíam o processo de transformação, parece estranho não haver coragem e sentido de justiça, para se agendar uma reunião igual à forçada por Lindo Bernardo Tito e realizada com a tentativa de censurar a linha editorial do F8 (como se a CASA-CE fosse dona ou accionista) onde fui alvo de acusações infundadas e vis.
A pertinência desta com igual publicidade interna (reunião) tornava-se mais importante, depois de se saber que as abjectas calúnias feitas por Lindo Tito tinham e têm uma agenda sub-reptícia (a exemplo do que fez no PRS) enquanto “responsável secreto” pela colocação nas redes sociais da Internet (facebook), de caricaturas e posts, visando os filhos do Presidente Abel Chivukuvuku, querendo fazer passar a ideia de que eram da minha responsabilidade.
Felizmente, a descoberta foi feita, recorde-se, por um agente da Secreta, que bem conhece Tito de outras andanças…
A gravidade das acusações e os actos persecutórios, geradores da crise, foram premeditados e dolosos, pois tinham um objectivo concreto: causar danos à minha honra, bom nome e provocar a divisão interna e a fragilização do projecto.
Conseguiram! Reconheço-o não por estar derrotado mas por, mais uma vez, assistir ao desempenho putrefacto de uns tantos que abraçam pela frente e apunhalam pelas costas. E, igualmente, por saber que os utilizadores desses punhais são peritos nos assassinatos elogiosos, aos líderes.
Ademais, a situação de crise não deveria merecer o silêncio tumular da Presidência da Coligação, na lógica de “torne-se lícita a ilicitude quando praticada pelos diferentes”, mas agendar um encontro onde, frontal e honestamente, se debateria a causa da crise, os malefícios da bajulação, da calúnia e intriga, para se apurar a verdade dos factos e devolver a harmonia directiva.
Isso, em nome da justiça, é pedir demais? Acho que não!
Mas, como em muitos palcos, os cobardes e traidores sabem que a verdade dói. Fogem dela como o Diabo da cruz, por isso instigaram o líder, a não ser imparcial. No entanto, os íntegros assumem e enfrentam a verdade. Mesmo que tenham de gritar de dor, sabem que é uma dor transitória porque só ela cura.
A irrevogabilidade da minha decisão, deve-se porque os “juízes do mal” na CASA-CE, tal como os da inquisição, julgam e condenam, sem terem noção dos factos incriminadores, na lógica do agnosticismo bajulador, baseado nas teses estalinistas de controlo.
Não está em causa a amizade, principalmente com o líder e outros membros da Coligação, mas a fragilidade na interpretação dos fenómenos políticos internos, carente de uma linear cumplicidade, seriedade e mapa de cumprimento de objectivos.
A questão mais importante, a fundamental, para mim, é a questão do poder e este não se conquista com preguiça, desorganização e traições. Pelo contrário. Os revolucionários e patriotas em Angola não podem propor outra coisa senão a tomada do poder, para se mudar Angola e, com isso, devolver o sonho dos angolanos, pelo qual muitos morreram, muitos foram mortos, muitos continuam a morrer.
Não há porque lutar para entregar, de novo, o poder à corrupção e à ditadura, que pode traduzir a traição da esperança dos povos, numa formação partidária na qual chegam a acreditar. Isto significa a minha visão sobre a CASA-CE, muito também, por a maioria que trabalha (INDEPENDENTES COERENTES) não ter partido político, não estando em igualdade de circunstância com aqueles que beneficiam financeiramente, pelo simples facto de terem “alvará político”.
Não se trata de fraqueza, tão pouco de recuar ou atirar a toalha ao chão, apenas verificar, em consciência, onde não devo estar, quando se mostram dúbias as lianas para a materialização de um verdadeiro projecto-país. Nunca estive, nem estou, na política pelos cargos, ou para beneficiar de mordomias ou vaidades umbilicais, mas para a materialização de amplos objectivos de cidadania, visando resgatar os pobres da marginalidade das estatísticas e isso só é possível, quando não existe calúnia, inveja, cobardia e traição, na direcção das organizações políticas.
Desejo que a direcção da CASA-CE tire as ilações devidas desta crise, augurando, também, os maiores êxitos na empreitada eleitoral que se avizinha, cuja luta exigirá, inteligência, empenho, abnegação, unidade e muito trabalho, para levar o barco a bom porto.
Apesar desta contradição e de abdicar do cargo de vice-presidente e de figurar nas listas da coligação, continuo militante da legião dos Independentes, daqueles com carácter, princípios, valores e objectivos, que dão tudo, sem cobrarem nada em troca, para o verdadeiro crescimento e afirmação da CASA-CE, no plano interno e internacional.
(*) Militante independente de base